Um Espírito Certo em Relação Àqueles
que nos Ofenderam - (Filemom 25)
Agora vamos voltar para a
quarta vez que Paulo usa essas palavras de admoestação – Filemom 25. “A
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito”. O contexto aqui é diferente
novamente, tem a ver com receber e perdoar uma pessoa arrependida. Foi o caso
em que havia um homem (Onésimo) que tinha ofendido seu mestre (Filemom) e tinha
fugido, e agora ele estava arrependido e retornava. Ele precisava ser perdoado
e recebido de volta de uma maneira correta. Onésimo tinha realmente injustiçado
Filemom e Paulo estava com medo de que Filemom não fosse manter um espírito adequado
de perdão para ele. Então ele deu-lhe esta palavra necessária de admoestação.
Isso é algo que também precisamos
– um espírito indulgente para com todos os que nos ofendem. Deus está no
processo de restaurar as pessoas e trazê-las de volta para o lugar onde
deveriam estar entre seu povo e precisamos ter um espírito correto em
recebê-las. É desnecessário dizer que houve ocasiões em que a pessoa voltou e
certos irmãos não tiveram um espírito correto para com ela. Deus não pode estar
contente conosco quando agimos assim. Precisamos ter o espírito de graça de que
Paulo fala aqui e perdoar de coração a pessoa. A coisa triste sobre o perdão
fraterno é que podemos pensar que temos um espírito indulgente para com alguém
quando realmente não o temos. Nosso coração é tão enganoso! “Enganoso é o coração, mais do que todas as
cousas, e perverso: quem o conhecerá?” (Jr 17:9) Podemos dizer que está
tudo certo e que perdoamos a pessoa, mas certas coisas que se seguem deixam
claro que não temos perdoado. O Sr. Clark costumava dizer que enterramos o
machado, mas ainda seguramos o cabo! Algumas pessoas não abrem mão. Eles têm muita
dificuldade em perdoar alguém que os ofendeu. Nós os ouvimos dizer: “Eu posso
perdoar, mas não posso esquecer!” Mas o que eles estão realmente dizendo é: “Eu
não vou perdoar!” Você sabe que nesse caso, poderíamos estar indo na direção de
alguma disciplina do Senhor porque Ele não ficará satisfeito com esse tipo de
atitude.
A Bíblia diz que devemos
perdoar uns aos outros “como também Deus vos perdoou em Cristo”
(Ef 4:32). Como Deus nos perdoou? Hebreus 10:17 diz: “jamais Me lembrarei de
seus pecados e de suas iniquidades”. Ele nos perdoa e coloca nossos pecados
fora de Sua mente para sempre. Nossos pecados não são mantidos contra nós. É
triste dizer que alguns de nós parece manter um registro das coisas em nossa “lista
negra” e procuram uma oportunidade para retaliar. Não é assim que Deus perdoa.
Vamos voltar para Mateus
18:21-35 para ver o que o Senhor tem a dizer sobre um espírito implacável. “Então
Pedro, aproximando-se d’Ele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até
sete, mas, até setenta vezes sete. Por isso o reino dos céus pode comparar-se a
um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; e, começando a fazer
contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. E, não tendo ele
com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem
vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então
aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para
comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima
compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo,
encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão
dele sufocava o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro,
prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo
te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que
pagasse a dívida. Vendo, pois os seus conservos o que acontecia,
contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então
o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te
toda aquela dívida, porque me suplicaste, não devias tu igualmente ter
compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E,
indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o
que devia. Assim vos fará também Meu Pai celestial, se do coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.” Este é um aviso solene
para quem não quer perdoar uma pessoa que o ofendeu.
Vemos nesta passagem a
interação do perdão governamental e do perdão fraterno. Começa com Pedro
perguntando ao Senhor quantas vezes ele deveria perdoar seu irmão. Os rabinos
ensinaram que uma pessoa deveria perdoar seu irmão três vezes. Pedro estava
disposto a ir até sete vezes. Mas ele queria a opinião do Senhor sobre isso. O
Senhor disse: “até setenta vezes sete”, o que significa que devemos ter
perdão ilimitado para com nosso irmão.
Isso levou o Senhor apresentar uma parábola que ilustra o perigo de ter um
espírito implacável.
Alguns imaginaram que esta
parábola ilustra o perdão oferecido no evangelho, mas não há verdade nisso. A
passagem não tem nada a ver com o perdão eterno (judicial). Eu aprecio o evangelista
que pode encontrar o evangelho em quase todas as páginas de Sua Bíblia, mas não
é disso que se está falando aqui. Estaríamos distorcendo esta passagem para aplicar
o evangelho aqui. Digo isto porque o perdão que este homem recebeu foi
revogado! O homem tinha o perdão, mas, em seguida, por causa de seu espírito
implacável subsequente para com seu servo companheiro, foi tirado dele. Certamente
não acreditamos que nosso perdão eterno possa ser tirado! Se fosse assim, então
estamos dizendo que uma pessoa poderia ser salva e depois se perder novamente. Deus
não salva uma pessoa e então, por causa do mau comportamento, tira sua salvação.
Além disso, o senhor do servo perverso fala da possibilidade de ele sair da
prisão, se e quando, tiver pagado tudo. Poderia levar algum tempo, mas havia
uma possibilidade disso. Certamente não há ninguém aqui que acredite que é
possível sair de uma eternidade perdida! Não, o evangelho não é o assunto aqui.
Como eu disse, está falando da
interação entre o perdão governamental e o perdão fraterno. Eles estão
conectados (Mc 11:25-26). A diferença entre o perdão eterno e o governamental é
esta: o perdão eterno (ou judicial) é um perdão de uma pessoa recebe pela fé
que a livra do eterno julgamento no mundo vindouro; perdão governamental
é um perdão que uma pessoa recebe que a livra do julgamento governamental neste
mundo. Um tem a ver com o futuro, o outro tem a ver com o tempo presente.
O perdão governamental tem a
ver com os caminhos de Deus com Seus filhos. Se tivermos uma má atitude ou um
espírito implacável, nosso Pai pode nos entregar aos “atormentadores” para
corrigir nosso espírito em relação àqueles que nos ofenderam. Ele fará com que
abramos as mãos e perdoemos de coração todos os que nos ofendem. Agora
poderíamos perguntar: “Em que sentido um Cristão seria entregue aos ‘atormentadores’?”
Significa que Deus fará com que esse espírito amargo e implacável que temos
governando sobre nós seja levado até a um ponto em que somos atormentados por isso.
É um julgamento governamental sobre nós, enviado para nos levar ao ponto em que
finalmente abriremos mão e perdoaremos o agressor. Quando uma pessoa é entregue
aos “atormentadores”, fica atormentado toda vez que ouve ou vê a pessoa a quem
não quer perdoar. Ele continuará a ser atormentado até que desista e realmente
perdoe a pessoa que o ofendeu.
Irmãos, precisamos ter um espírito
correto nisso. Como Cristãos, devemos ser capazes de perdoar os outros melhor
do que ninguém, tendo recebido um perdão tão grande de nosso Próprio Deus. Pense
em como Ele tem sido gracioso para conosco em nossa vida por todas as ofensas
que fizemos. Quantas vezes fizemos algo errado e o Senhor, em graça, não nos pegou
e nos fez pagar por isso? E não podemos perdoar nosso irmão? É inconcebível que
tenhamos dificuldade em perdoar alguém! Devemos ser especialistas em administrar
perdão aos outros.
Alguns dirão que não perdoarão
a pessoa até que a pessoa se arrependa porque Lucas 17:3-4 diz isso. Eles
usarão este versículo para continuar com um espírito implacável. Diz: “Olhai
por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se
arrepender, perdoa-lhe.” Agora podemos nos perguntar como entendemos estas
duas passagens. Parece que se contradizem. Um diz para perdoar nosso irmão quando
ele se arrepende e o outro não exige tal condição. No entanto, um olhar mais
atento sobre as passagens indica que Mateus está se referindo ao nosso coração,
enquanto Lucas está falando de nossa boca. São duas partes de uma única coisa.
Se alguém se comportar de forma errada e pecar contra nós, o Senhor nos diz
para perdoá-lo em nosso “coração”.
Isso deve ser feito, independentemente de a pessoa confessar seu erro ou não. É
importante que façamos isso para que não desenvolvamos um espírito de amargura.
Como Deus trabalha no coração da pessoa e produz arrependimento, para que ele
ou ela confesse o seu erro, então podemos expressar o nosso perdão a eles
verbalmente. Foi colocado desta forma: devemos ter um reservatório de perdão em
nosso coração para com a pessoa ofensora, imediatamente após ela nos ter
ofendido. Deveria estar se acumulando em nossos corações esperando para ser entregue.
Quando a pessoa vem e assume seu erro, podemos nos expressar e perdoá-la
formalmente, dizendo: “Eu te perdoo”.
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